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Divã: Balanço psicoemocional




Consi: Eu sei que você quer fugir de mim. Anda me evitando e tudo mais. Mas também sei que está passando por uma fase de redescoberta, então deixei você nessa nova fase e me usando apenas como sua consciência formal. Nada de consultas e diálogos. Mas, creio eu que esteja na hora de ponderarmos as coisas deste ano.

Eu: É, consci. Este ano não paramos para fazer isso formalmente. Tiveram algumas reflexões específicas, mas nada profundo, né? Tava até com saudade da sua chatice.

Consci: Chatice mais que necessária, diria eu. Mas, vamos fazer essa reflexão ponto a ponto para não nos perdemos em digressões.

Eu: "Digressões". Você abusa dos termos, hein? Você é meu lado "apaixonada por linguagem" mais aflorado. Caraca...

Consci: Sim, sou exatamente isso e muito mais. Mas não vamos entrar nesse assunto linguístico, porque sei o quanto gosta e se perde nele. Comecemos com as mudanças repentinas e grandiosas na sua vida, ocorridas neste ano.

Eu: Especificamente, qual mudança você quer saber? Teve a minha vinda para Ribeirão, com ela veio a entrada na Universidade e a experiência de morar fora; teve o término do meu namoro; teve o meu estágio. São várias, Consci. Seja mais específica!

Consci: Comecemos, então, com a sua entrada nessa universidade e todas as outras mudanças subsequentes.

Eu: Bom, saí do cursinho com a certeza do meu ingresso na Unesp.  Isso não rolou e, hoje, vejo que não era pra ter rolado. Fiquei em casa alguns meses, pois decidi que entraria na Unaerp só no segundo semestre e esses meses, apesar de tediosos e mal aproveitados, pude refletir muitas coisas importantes. Aí, vim para Ribs e comecei o curso, foi a melhor coisa que aconteceu até hoje.

Consci: Você ficou muito abalada emocionalmente por não ter entrado na Unesp, num primeiro momento, não é mesmo?

Eu: Sim, Consci. Apesar de eu não querer demonstrar, senti-me muito derrotada e extremamente triste pois quando fiz cursinho para isso, dediquei-me muitíssimo. Recebi muito apoio dos meus pais, da minha psico e do meu namorado da época, fiquei bem por fora. Mas, chorei muitas noites escondida.

Consci: A conversa está tomando um rumo bastante triste. Vou só fazer uma consideração: as coisas acontecem da forma como têm que acontecer.

Eu: Pois é! Estou aprendendo a encarar tudo dessa forma agora.

Consci: Continue...

Eu: Ok. Entrei na Unaerp e finalmente estava cursando jornalismo. A universidade tem uma estrutura ótima, Ribeirão é uma cidade muito boa e todas essas condições me deixaram animadíssima. Teve também a fase de morar num lugar novo, com uma rotina diferente e fora de casa. Tudo isso começou a fazer com que eu enxergasse as coisas de uma maneira diferente. Hoje, tenho muito mais confiança em mim do que tinha no ano passado e um milhão de vezes mais do que eu tinha quando era mais nova.

Consci: Isso é bom e faz parte do amadurecimento.

Eu: Pode ser. Mas, foi nessa época que comecei a repensar meu namoro. Muitas coisas vinham me incomodando há meses, essas coisas eram expostas e mesmo assim nada mudava. Ele sempre foi um ótimo namorado: atencioso, carinhoso, amigo e companheiro. Mas, faltava o amadurecimento e a vontade de amadurecer. Isso começou a me incomodar de forma que eu não via mais futuro na nossa relação.

Consci: Sei exatamente pelo que passou. Entendo você.

Eu: Lógico que sabe e entende, você é minha consciência!

Consci: Saber o que você passa é muito fácil, mas te entender, as vezes, não dá. Até eu fico confusa.

Eu: Continuando... Onde parei mesmo?

Consci: Na parte que dizia não ver mais futuro na sua relação.

Eu: Ah, verdade! Então, fui trabalhando o desapego à pessoa dele aos poucos e me preparando internamente para terminar. Até que quando me senti totalmente segura e preparada, terminei. Foi difícil no começo, porque ele não conseguia se desapegar e, o pior, não queria aceitar o fim. Mas, resumindo, conseguiu.

Consci: E depois?

Eu: Nesse meio tempo, fiz uma prova para um estágio, fiz a entrevista, fui selecionada e estou estagiando lá.

Consci: Eu sei. Mas o que não sei e quero que você me conte como está se sentindo com relação a isso?

Eu: Muito bem. Faço o que gosto, aprendo muito e trabalho com coisas legais e interessantes a manhã toda. Sinto-me muito bem.

Consci: Ótimo! E com relação à sua fase de redescoberta?

Eu: Eu pensei que ficaria muito tempo triste depois do fim do meu relacionamento. Fiquei, num primeiro momento, porque convivi dois anos com ele, tive um envolvimento emocional e físico. Mas, superei isso mais rápido do que eu imaginava que seria capaz. E, de verdade, nunca dei tanto valor à minha solteirice e ao fato de estar sozinha, como tenho dado agora.

Consci: Isso é importante. Você sempre teve muita pressa para namorar que nunca aprendeu a se descobrir e a pensar com mais calma sobre se envolver com alguém que valha a pena.

Eu: Exatamente! E, hoje, eu acho que se um dia eu for namorar novamente ou me envolver com alguém de novo, tanto eu como a pessoa temos que estar muito dispostas a isso.

Consci: Eu já acho que não seja uma questão de disposição, mas de tempo para sua redescoberta se completar e você entender quem é  de verdade, o que realmente quer para sua vida.

Eu: Também acho, Consci.

Consci: E o restante?

Eu: O resto não é nada mais além do que você não saiba. O semestre terminou, Natal está chegando e no começo do ano faremos outro balanço psicoemocional como este.

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