Meu caso de amor com as letras começou cedo... lembro-me até hoje, com ricos detalhes dos dias em que aprendi as primeiras letras na pré-escola. Aquelas letras grandes e tracejadas no papel A4 cortado ao meio com algum desenho do lado do objeto/animal que começasse com aquela letra determinada.
Lembro-me ainda da professora escrevendo com "letra de mão" na lousa e eu obcecada por aquilo tudo: como era linda e encantadora aquela forma de escrever com as letras unidas umas às outras. Era tudo mágico.Lembro-me ainda de que eu era uma criança que prestava atenção no Jornal Nacional e ficava me perguntando o que o William Bonner e a Fátima Bernardes escreviam naquelas pautas do jornal. Adorava ouvir às notícias, principalmente as de política, e no dia seguinte pegar uma folha de papel, um lápis, sentar-me num cantinho qualquer com a tevê desligada e escrever a minha opinião infantil e ingênua sobre algum fato que ouvira no Jornal na noite anterior. Depois pegava tudo o que estava escrito e ficava lendo em voz alta, com entonação e me sentindo uma verdadeira âncora dos telejornais.
Toda atividade da escola que exigia que se falasse em público ou escrevesse poesias, narrações ou dissertações, lá estava eu no meio. Quando estudei numa escola chamada Cearc (que mais para frente tornou-se Objetivo Ibaté), todo ano eu participava do Festival de Poesias e Talentos para que minha sala não fosse desclassificada. Daí tinha que escrever uma poesia qualquer, que iria para o livro de poesias daquele ano da escola e declamá-la em público no festival em questão.
E hoje reparo-me dividindo meu tempo entre a faculdade, o trabalho, a família e os amigos, sobrando-me pouquíssimo tempo para dar esse gostinho à alma e ao ego. Externar. Pôr para fora, por extenso ou verbalmente. Tentando achar o ponto de equilíbrio entre razão e emoção, entre ser e querer, entre ser adulta responsável e determinada e jovem sonhadora e idealista!
Só sei que de todos os assuntos que gosto de escrever ou que me pedem para que eu escreva, o meu preferido é justamente falar sobre a escrita em minha vida. Parece algo louco, escrever sobre escrever. Só que a cada tempinho que posso fugir um pouco da realidade, me jogo de corpo e alma na emoção e começo a escrever para aliviar os calos na alma que a vida real nos faz. E, olha eu aqui escrevendo sobre escrever mais uma vez.
Comentários
Adoro textos que falam sobre escrever, sobre como tudo nasceu ou quais são os objetivos e inspirações atuais para continuar escrevendo e proporcionando aos demais esse ponto importante da vida de cada escritor :)
Parabéns dear novamente, texto com todo aquele gostinho de quero mais sobre o assunto, que nem a sua maravilhosa narração: "DIVÃ" que merece uma parte II.
Fica a dica hahahaha.