Eu: - Eu não sei lidar!
Ela: - Você não sabe lidar com o que, querida?
Eu: - Com aquilo, sabe? Entre duas pessoas...
Ela: - Ah, claro! Sexo? Problemas no relacionamento?
Eu: - Não. Antes...
Ela: - Antes...? Antes do que, meu bem?
Eu: - Antes disso.
Ela: - Ah, já sei! Amizades? Desentendimento com amigos? Ou está confundindo alguma amizade mais forte?
Eu: - Não! Entre os dois.
Ela: - Entre quem, meu bem?
Eu: - Entre o primeiro caso e o segundo.
Ela: - Entre sexo e amizade?
Eu: - Sim... aquilo, sabe?
Ela: - Relacionamento?
Eu: - Pode ser, mas vem acompanhando aquilo...
Ela: - Meu bem, se você não for mais específica não poderei lhe ajudar.
Eu: - Não consigo ser específica porque eu não sei lidar com isso...
Ela: - Okay! Que tal começar me dizendo o que é "isso" e "aquilo" que você tanto diz?
Eu: - (silêncio).
Ela: - Assim fica difícil ajudar você, querida.
Eu: - Estou pensando numa melhor forma de começar.
Ela: - Não começamos ainda?
Eu: - Podemos recomeçar, então?
Ela: - Fique a vontade.
Eu: - Muito bem. Eu não sei lidar...
Ela: - Tá, essa parte eu já entendi. Você está com dificuldades para lidar com alguma coisa que pode ser "isso" ou "aquilo", certo?
Eu: - Meio certo.
Ela: - Meio certo? Desisto!
Eu: - Meio certo porque "isso" e "aquilo" são a mesma coisa.
Ela: - Vamos recomeçar. Mais uma vez. Você está com dificuldades em lidar com algo, correto?
Eu: - É.
Ela: - Excelente. Agora você só precisa me dizer o que é essa "coisa" para que eu possa ajudar.
Eu: - É que... Bem, eu não sei muito bem como definir.
Ela: - Hum...
Eu: - Eu conheço pessoas que me encantam, nos damos bem e está indo tudo bem, mas aí chega aquilo e tudo fica ruim (ao menos para mim).
Ela: - Desculpa, meu bem. Eu me perdi na parte em que chegou alguém na situação. Deixe-me ver se entendi mesmo: você conheceu alguém por quem ficou interessada, estavam se dando bem mas chegou alguém indesejado e você não sabe lidar com isso? Ora, é mais fácil do que eu pensava! É ciúmes.
Eu: - Não! Porque eu não disse que chegou alguém. Eu disse que chegou "aquilo". A coisa que eu não sei lidar e que não é ciúmes.
Ela: - Bom, vou pedir novamente. Seja mais específica, por favor.
Eu: - Eu... eu..
Ela: - Não chore, meu anjo. Acalme-se, é só uma conversa.
Eu: - Mas eu não sei lidar com essa coisa de sentimentos. Eu não sei amar e desamar; gostar e desgostar; não sei abraçar de mentirinha ou ser amiga de mentira. Não sei controlar sentimentos. E também nem sei dizer isso a alguém.
Ela: - Ora, pois acaba de me dizer! Viu só como consegue?
Eu: - Não tente melhorar as coisas...
Ela: - Pois bem. Seus problemas são com os sentimentos, então? Ou seria o amor?
Eu: - A.M.O.R. Eu nem mesmo sei como sentir essa palavra, não entendo. Já li tanto a respeito e nada me convence.
Ela: - Meu bem, você é intensa demais. Talvez esse seja o problema da questão e não o amor em si.
Eu: - Ou talvez eu tenha nascido no mundo errado, porque não sei dialogar nem com a minha própria consciência sem acabar mais confusa ainda.
Ela: - Pois é. Mas foi você quem me procurou.
Eu: - Eu só queria dizer que quando me permito sentir, é para valer e não superficialmente, como fazem as pessoas!
Ela: - Bom, não permita-se mais então.
Eu: - Como se fosse fácil mandar no coração.
Ela: - Ora, enquanto está aqui dialogando com a razão porque não vai la cuidar das palpitações exageradas que seu coração sente quando alguém conversa com você?
Eu: - Boa ideia!
"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração e quem irá dizer que não existe razão ?" - Renato Russo.
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