Era uma vez uma menina que queria ser escritora. Ela era muito inteligente, adorava questionar tudo, era muito curiosa e adorava ler. Sempre que gostava muito de um assunto, pegava uma folha em branco, uma caneta colorida e escrevia (à sua maneira) sua opinião sobre aquilo. Seu desejo era mudar o mundo, ajudar às pessoas e ver todos felizes.
Foi para a escola e lá viu que os números não eram o seu forte. Ela realmente não entendia todos aqueles problemas de Álgebra e todos os por quês daquilo tudo, para ela os livros continham muito mais conhecimentos e vida do que continhas de multiplicação ou fração.
Ela tinha vontade de pegar todas as pessoas que moram nas ruas e levar para a sua casa, mas sabia muito bem que aquilo não era coerente nem poderia ser feito. Tinha vontade imensa de ensinar àquelas crianças de rua a ler e escrever, e mostrar-lhes como era belo o mundo de seus livros. Como era apaixonante ir à Europa Medieval com Dom Quixote e seu companheiro Sancho Pança.
Mas a vida foi-lhe cruel. A cada ano era tirado dela essa paixão por viver seus sonhos. A cada ano lhe mostravam que sonhos não levam ninguém a lado nenhum. Ela foi crescendo e se esquecia do quanto poderia alcançar se fosse atrás de seus sonhos, mas o medo e a cobrança lhe roubavam isso. Nunca ninguém lhe falou que era o que ela mais tinha de bonito: acreditar em contos de fadas (acreditar nas mudanças, mesmo que pareçam impossíveis).
E hoje cadê a garotinha que queria ser escritora? Cadê a garotinha que queria salvar seu mundinho do mal? Cadê a garotinha dos contos de fadas? Onde a nossa pequena sonhadora foi parar? Por quê deixou o que mais tinha de bonito morrer? Isso é triste porque ela poderia se tornar uma pessoa diferente de todas as pessoas iguais deste mundo, mas está se igualando a elas.
A garotinha que queria ser escritora está morrendo aos poucos porque hoje ela é uma mulher e, ao longo de sua formação lhe ensinaram que sonhar é algo bobo e que ser sonhadora/idealizadora é ruim. Ensinaram-na que para ser uma adulta feliz e realizada tem que se ter uma carreira bem sucedida, ter sua casa, seu carro e uma família. Ensinaram-na que aquelas pessoas das ruas a quem ela sempre quis ajudar são perigosas e não merecem ajuda. Ensinaram-na estes e tantos outros esteriótipos que ela deixou morrer dentro de si o que tinha de mais belo nesse mundo: a vontade de mudá-lo e a paixão por seus sonhos, o querer buscá-los e ir além.
Não deixe que ela/ele morra em você também!
Comentários
Eu busco sempre resgatar a pequena sonhadora em mim pq é dela que tiro minhas forças quando a vida tenta destruir meus sonhos ;)